CARAJÁS

BALAS DA PAZ

As balas que cortam a imagem do campo em nome da “paz”, não trás a paz que buscamos para o mundo. Eldorado dos Carajás lembra ate hoje suas vitimas deixadas pela ordem da justiça brasileira, na qual só beneficia um lado, o lado onde o dinheiro rege o tribunal e decide a sentença.

No dia 17 de abril de 1996, lembro que eu ainda era criança, porem sabia distinguir uma ação brutal e covarde como o massacre de eldorado no estado do Pará. Hoje ainda vemos a impunidade forte neste caso, foram 19 mortos na hora, porem muitos ainda sofrem a perda de familiares que tombaram ao longo de todo este tempo por conta das balas assassinas que mancharam o cenário da história brasileira. Um cheiro aromatizado por pólvora e preenchido por chumbo que obriga uma lagrima de indignação alcançar uma velocidade brusca e imediata.

São 14 anos que o grito forte só aumenta isto por que também aumenta a duvida sem saber até quando a justiça brasileira vai deixar os assassinos de Carajás soltos como se nada tivesse acontecido. Ao ver tanta injustiça vem toda uma forma de se pensar, uma maneira de pedir justiça para sociedade, e analiso os casos, se um pai de família ocupa uma área em busca do pão para alimentar seu filho, é logo taxado de ladrão, imediatamente é preso ou em muitos casos morto, porem se é um rico, um pistoleiro a mando do patrão que comete um crime, de imediato tem uma versão apresentada que para a justiça é suficiente e por sua vez passa a mão por cima escondendo toda a verdade. Claro que a mídia também tem todo seu papel na questão da imagem a passar para daí se criar um ponto de vista da sociedade com o caso acontecido.

Travamos uma luta diária na sociedade não só no Brasil mais em vários países. Nós não só enquanto MST, mas sim como cidadãos brasileiros cobramos dos governantes uma posição para que a justiça seja feita. Digo isto enquanto ser humano, que sinto como é indignante em um país tão rico em diversidades naturais e culturais ainda tem que ver o sangue de nossos companheiros jorrarem no chão como a de um animal, para daí começar a ver resultado de nossa luta.

Nós do MST no mês de abril iremos realizar atividades em todo o país em homenagem aos companheiros tombados, mas também em protesto contra a impunidade presente em toda esta nação, cobrar da justiça brasileira um punição e não uma medalha no peito dos assassinos.

No Brasil, ao lembrar eldorado se ver todos os dias vários outros crimes no campo, crimes que são encobertos pela mídia opressora e esquecidos pela máfia dos tribunais. Pará, Minas Gerais, Paraná, quantos mais terão que tombar para que possamos ter de fato uma justiça para quem merece? Fica então a pergunta, mas fica também a certeza de que a cada momento de duvida haverá um grito dado por cada um de nós que pede justiça, que exige dos donos do poder uma nação livre de impunidades. Que o sangue de companheiros e companheiras faça com que nossa luta se fortaleça para daí buscarmos vingança, uma vingança limpa, pois o vermelho do sangue não nos fará justos e sim nos torna iguais aos abutres que almejam a morte ao invés da paz, que trocam suas palavras por balas, que da ao trabalhador a cova ao invés de um pedaço de chão para tirar o seu sustento e alimentar a fome do povo.

Assim que a pátria seja livre, mas que os culpados sejam presos, que a justiça seja feita e que o Brasil seja dos brasileiros, e que o campo não seja apenas para derramar o sangue de quem quer plantar o desenvolvimento da nação.

Hilder

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